sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Esteróides Anabolizantes - Uso e Abuso

É cada vez mais comum os indivíduos acreditarem no resultado dos hormônios e se esquecerem de que o exercício físico pode melhorar a força, a resistência física e a aparência em geral.

Profa. Dra. Silvia Cristina Crepaldi Alves
Fisiologista, Docente da Universidade Metodista de Piracicaba.

A utilização de esteróides anabolizantes por indivíduos que desejam aumentar sua performance física ou simplesmente para fins estéticos tem atingido índices alar¬mantes nas últimas três décadas.

Os esteróides anabolizantes são hormônios produzidos no organismo pelas glândulas endócrinas sexuais, os ovários nas mulheres e os testículos nos homens. São eles que fazem com que ocorram as mudanças físicas durante a puberdade, o que torna os indivíduos capazes de se reproduzir.

O que a população em geral muitas vezes desconhece é o fato de que as glândulas endócrinas produzem quantidades muito pequenas de hormônios, o que é normal e fisiológico, enquanto as drogas comercializadas contém doses elevadíssimas de substâncias que podem ser tóxicas e danosas ao organismo.

O termo esteróide refere-se à estrutura química dos hormônios que são fabricados a partir de uma gordura chamada colesterol. Já o termo anabolizante refere-se aos seus efeitos “construtores” para as células, como por exemplo a síntese de proteínas, que são essenciais para o funcionamento de todo o nosso corpo e para o aumento e manutenção da massa muscular.

O fato dos homens, em geral, serem fisicamente mais fortes e resistentes do que as mulheres explica-se pelo fato de que neles agem hormônios esteróides sexuais mais potentes do que nas mulheres. Os homens produzem testosterona e as mulheres produzem estrógenos e progesterona.

Assim como são produzidos medicamentos em laboratórios, os hormônios também são fabricados sinteticamente.
O primeiro uso não-médico dos esteróides anabolizantes foi feito por soldados alemães na II Guerra Mundial com o objetivo de aumentar a agressividade. Nos anos 50, começaram a ser utilizados por atletas competitivos, mas a partir dos anos 70, esse uso aumentou significativamente, passando a ser utilizado por não atletas e mulheres.
Em 1975, o Comitê Olímpico Internacional incluiu os esteróides anabolizantes na lista de drogas consideradas “doping”. Em 1988 houve um marco histórico, quando o atleta Ben Johnson perdeu sua medalha olímpica, em Seul, por ter sido detectado o uso desses hormônios sintéticos.

Atualmente esses hormônios são utilizados como medicamentos no tratamento de diversas doenças, como por exemplo, quando os testículos não funcionam direito, em pessoas com osteoporose, câncer, obesidade, em situações nas quais ocorre muita perda de massa muscular, como Aids, alcolismo, queimaduras graves e doenças musculares. Nesses casos, o uso é cuidadoso e acompanhado atentamente por médico.

Porém, preocupante é o uso dessas substâncias com finalidades estéticas e de melhora no desempenho físico, pois o acesso a elas tornou-se fácil e as doses usadas costumam ser 10 a 100 vezes maiores que as doses habitualmente prescritas em tratamentos e estudos médicos. Muitas vezes são manipuladas sem qualquer cuidado, contendo impurezas e podendo até causar doenças infecto-contagiosas. Muitos usuários não recebem qualquer orientação clínica e ignoram os riscos à saúde. As consequências indesejáveis desse uso podem surgir a curto ou a longo prazo, dependendo da dose usada e do tempo, variando de pessoa para pessoa. Mas existem relatos de vários problemas graves, tais como tumores de fígado, hipertensão, doenças cardíacas e diabetes. Na adolescência, o uso indevido pode até comprometer o crescimento ósseo.
Estudos recentes também demonstram alterações no funcionamento da glândula tireóide e na produção dos hormônios T3 e T4, causadas pelo uso de esteróides anabolizantes.

A Agência Mundial Anti-Dopping publicou recentememte uma lista imensa de drogas ilícitas, proibidas pelo Comitê Olímpico Internacional. O risco que corre um atleta competitivo também tem sido sofrido por pessoas não atletas, jovens e até crianças.
Analisando o uso dos esteróides anabolizantes em academias e, portanto, associado à prática de exercícios, existe uma questão séria, pois muitos indivíduos atribuem os benefícios que conseguem aos hormônios que ingerem e se esquecem de que o exercício físico por si só pode melhorar a força, a resistência física e a aparência em geral.

Considerando toda a polêmica acerca desse tema, podemos garantir que, visando saúde e qualidade de vida, nada melhor do que praticar exercícios físicos regulares, com prescrição e supervisão de profissionais habilitados, ou seja, professores de Educação Física, alimentar-se e dormir bem. Qualquer necessidade adicional, dúvida ou curiosidade devem ser atendidas por profissionais da área da saúde, que sejam capacitados, conscientes e analisem sempre a individualidade humana.

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